O REJEITADO

O Rejeitado

Um casal muito romântico queria ter um filho. O marido, com cerca de 4 anos de casado, disse a esposa que queria ter um filho, mas a mulher jamais queria ter um filho, por medo da gravidez e outras complicações. Mas o marido forçava a barra e insistia em ter a criança. Eles eram muito trabalhadores, e o marido sempre sentia falta de alguma coisa em casa para compartilhar. Sentaram e conversaram a respeito de terem um filho, mas a mulher não queria mesmo, e sempre tomava medicamentos anticoncepcionais para evitar um filho que o marido tanto queria.
O marido, então, teve uma idéia, como a mulher trabalhava muito e sem que ela notasse, ele retirou algumas pílulas, pensando que desse modo ela pudesse engravidar. Ao passar do tempo, ela começou a se sentir mal, e ele imaginou que era a gravidez. E no hospital, constatou-se a gravidez. A esposa ficou muito nervosa, porque a gravidez deformaria se corpo, ficaria feio, e ficaria impedida de continuar a trabalhar. O esposo, muito cauteloso, disse para ela não se preocupar, porque gravidez não é doença. A esposa comentou não saber como ficou grávida, sendo que tomava remédios anticoncepcionais todos os dias. Ele, meio inocente, disse que tinha jogado fora um comprimido sem que ela notasse. Essa foi a hora da verdade. A esposa ficou louca, e tentaria tirar o filho, dizendo que não queria aquela gravidez, faria um aborto. Mas o marido foi contra e disse que ela não poderia fazer aquilo, já que ocorreu a gravidez, então ela teria que ter o filho, e começaram as brigas.
O marido conversou com as amigas, o patrão, parentes e amigos para falar com ela para que não fizesse essa besteira. E foi assim até ela aceitar, mas ela disse que o marido seria responsável por tudo, ele teria que fazer tudo. Ele aceitou dizendo que seria o melhor marido do mundo, ela deveria aceitar a criança, fruto do amor entre eles. Ela disse que nunca iria perdoá-lo.
Após nove meses, a criança nasceu sadia, mesmo assim a mãe não gostava da idéia de ter um filho. Sempre que a criança chorava, ela chamava o marido para se virar e cuidar dele. Muito atencioso, o marido pegava o menino, fazia de tudo, e a mulher falava na cabeça dele se ele queria tanto uma criança, então, agora ele que se vire para fazê-la parar de chorar, ela que não iria deixá-lo mamar em seu peito, porque isso poderia deformar seus seios. O marido teria que se virar para fazer mamadeiras e dar ao neném. Ele, muito paciente, fazia tudo calado, sem reclamar, quase não agüentando os lamentos de sua mulher. Ele perdia noites de sono, o que fazia com que, às vezes, chegasse atrasado ao seu trabalho; o patrão sabia da situação e conversou com ele para dar um jeito nessa situação.



O tempo foi passando e a criança foi crescendo e começando a entender um pouco da vida. Sua mãe sempre brigava e a criança crescia ouvindo aquilo tudo... Quando ela fez 9 anos, a criança perguntou a mãe: “ – Por que a senhora nunca gostou de mim?”. Ela, meio sem jeito de responder para a criança, disse: “- Olha, meu filho, não é com você que eu brigo, é com o seu pai...”
Com o tempo, as coisas foram se normalizando em casa, a mulher já estava aceitando a criança já depois dos 10 anos de idade, já não brigavam mais. Após os 15 anos, a criança já entendia mais a vida, nunca se dava bem com a mãe, mas sim com o pai, e a criança perguntou por que a mãe nunca gostou dela. A mãe disse: “ – Meu filho, espero que entenda, na época que você veio ao mundo, as coisas eram diferentes entre eu e seu pai, seu pai ganhava pouco e eu quase nada, eu não queria ter você, mas seu pai me enganou e fiquei grávida de você. Para lhe ser sincera, eu não queria mesmo que você viesse à vida mas, já que veio e aceitei, e é por isso você está nesse mundo.”
O filho ouvindo tudo disse: “ – Mãe, vejo tantos amigos com tantos irmãos que se dão bem, e são bem mais pobres que nós, e sempre estão felizes, os pais deles não ficam brigando, e por que aqui em casa não é assim também? A senhora sempre briga com o meu pai por causa de mim. Eu também não gosto da senhora só porque a senhora não quis que eu viesse ao mundo, só tenho pai hoje em dia, eu não irei perdoá-la.”
E no momento dessa conversa franca entre mãe e filho, o pai chega e ouve a discussão entre eles e chama o filho para conversar: “ – Meu filho, sua mãe gosta de você, e um filho jamais poder virar as costas para uma mãe”. E o filho responde: “ – Pai, ela sempre me rejeitou, do mesmo modo que ela não me quis, eu também não a quero e pronto”. E o pai respondeu: “ – Filho, com o tempo você vai ver que estou certo e irá me entender, tudo bem?...”. O filho concordou: “ – Tudo bem, pai, irei respeitá-la por causa do senhor”.
Em um dia de domingo, o pai foi a um jogo e o menino ficou em casa em um quarto e sua mãe em outro e, de repente, ela se engasgou e começou a passa mal. O garoto ouviu sua mãe caindo no chão e foi correndo, gritando pela mãe. A mãe já estava quase sem ar. Ele fez respiração boca-a-boca, gritou por socorro, ligou para uma ambulância para que sua mãe fosse levada ao hospital. Juntos, no hospital, ela foi socorrida a tempo, e ele fez todo o dever de um bom filho para salvar sua mãe. O pai foi avisado e quando chegou ao hospital, viu toda a cena. O filho chorando muito, disse: “ – Olha, pai, por mais que a mãe não me quisesse durante a gravidez, eu não consegui imaginar uma mãe igual a essa, no chão, sofrendo, passando mal, e veio em minha cabeça que nunca tive raiva dela, por isso não pensei duas vezes em socorrê-la”.
O médico chega e diz ao pai: “ – Olha, você tem um filho e tanto, se não fosse por ele, sua esposa teria morrido antes de chegar ao hospital, ele fez respiração boca-a-boca e a mãe voltou a respirar dando tempo de socorrê-la, ele foi um herói, tão novo e tão esperto. Toda mãe gostaria de ter um filho assim como esse... parabéns, garoto!
Voltaram para casa, a mãe toda feliz com o filho, chamou-o no quarto dela e disse: “ – Meu filho, por mais que eu não quisesse que você viesse ao mundo, hoje me sinto totalmente arrependida e quero que você me perdoe por tudo de errado que fiz com seu pai e com você, me perdoa?” O filho, meio sem jeito com a situação da mãe, começou a chorar e falou: “ - Mãe, eu sempre amei a senhora, eu só disse aquelas coisas naquele dia para ver se a senhora me desse um pouco mais de atenção e saber que vim ao mundo somente para lhe salvar, mas agora minha missão está cumprida. As coisas que a senhora fazia quando eu estava ainda em sua barriga eu sentia tudo, mas Deus quis assim, e agora posso voltar a ser uma criança feliz. Ao falar isso para a mãe, a criança caiu no chão do quarto já sem vida. A mãe, desesperada, vendo o filho no chão, correu com ele ao hospital e tentou mas não adiantou, ele já estava sem vida. O pai ficou muito chateado e disse que o destino era não ter um filho, mas a mulher disse que queria ter outro filho e daria todo amor que não deu a esse e que jamais será um rejeitado.
E assim, ela conseguiu ficar novamente grávida e tiveram um filho lindo, ela fez de tudo a esse garoto, quase não deixava nem o pai pegá-lo, de tanto carinho com o novo bebê.
Assim termina essa minha história de uma criança que a mãe rejeitou e depois ela o salva.
Josimar dos santos- viçosa-MG
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