SONHOS DE UM PALHAÇO

SONHOS DE UM PALHAÇO

AUTOR: Josimar dos Santos


Em uma cidade do interior, havia um circo com um palhaço chamado Cascatinha e este então era a peça chave deste circo; um anãozinho muito divertido que sempre alegrava a todos.
Em todo espetáculo o palhaço fazia brincadeiras com platéia e como de costume, este dia foi feito uma brincadeira e um dos rapazes da platéia não gostou.
Ao termino de espetáculo, este rapaz foi reclamar com o dono do circo, alegando que foi humilhado em publico pelo palhaço cascatinha, que foi uma brincadeira de mau gosto e que encontrar-se com ele na rua, daria lhe uma surra.
No dia seguinte, Cascatinha foi chamado para uma conversa com o dono do circo e não gostou, chegando a discutir com o proprietário, falou que sempre faz assim com a platéia e que caso este rapaz não gostou da brincadeira não podia fazer nada.
Cascatinha continuou com seu trabalho, já um pouco mais sem graça. Devido ao fato, passou se um tempo e ele foi ate o patrão dizendo que não queria mais trabalhar no circo; iria sair.
Assim foi feito, ele saiu, continuou fazendo espetáculo na rua.
Por ser muito querido pelo povo daquela cidade, começou a ter grande publico presente em suas apresentações e por este motivo, começou a ter um sonho; montar seu próprio circo.
Um dia ele estava dando uma volta pela cidade e de repente, se deparou com o rapaz que havia o ameaçado e começaram a bate boca fortíssimo. Ele por ser um anãozinho, tentou correr do Jean, mas suas pernas pequenas não deram conta, foi pego e espancado fortemente. Chegou a pedir ajuda, mas ninguém o socorreu. Depois de tanto bater o Jean foi embora, deixando-o machucado no chão; Cascatinha foi socorrido e levado ao hospital, tendo de ficar lá por vários dias. Durante os dois meses que ficou internado, sempre recebia visitas de seus companheiros e de alguns populares.
Ao chegar em casa, bastante triste com a situação, queria desistir de voltar a se apresentar ate mesmo nas ruas, chegou a pensar em voltar para sua cidade.
Sempre que conversava com os amigos, dizia que em circo, quem fica rico é somente o dono de circo e que eles jamais ficariam.
Uma semana depois, chegou em sua casa uma garotinha de apenas 8 aninhos, com os pais; convidando-o para ir ao seu aniversário, pois que ele era muito querido entre as crianças.
Cascatinha disse que não queria mais trabalhar em festas, mas o pai da menina disse que não era para ele trabalhar e sim aproveitar o aniversario, pois sua filha era apaixonada com ele. Comovido com situação, Cascatinha aceitou o convite.
Quando chegou ao aniversário foi surpreendido pelos convidados, foi aplaudido e tudo que ele merecia. Muito feliz e satisfeito com a recepção voltou a fazer suas apresentações e já começou ali mesmo no aniversário, a fazer algumas brincadeiras com o pessoal.
Voltou para casa com um astral mais elevado e passando por cima dos acontecimentos, avisou ao povo da cidade que estaria na praça, vestido de palhaço para um retorno.
Quando chegou a praça já estava cheio de pessoas a sua espera; antes de começar, ele fez um discurso sobre sua vida. Fazendo muitos primeiro muitos chorarem, para depois fazê-los e uma das coisas que ele falou, é que tinha um sonho em ter seu próprio circo; foi uma bela apresentação. Por receber vários convites para aniversários e festas de vários aspectos, começou a juntar um dinheirinho. Em todas as suas apresentações, estava presente uma bela loira que sempre chamava a atenção do palhaço. Esta se chamava Áurea.
As apresentações que Cascatinha fazia estavam contrariando o dono do circo, pois o respeitável público comparecia mais as apresentações do palhaço, do que as apresentações do próprio circo.
Um dia chegou um senhor bem aparentado e chamou Cascatinha para uma conversa em particular, e lá se foram.
Cascatinha recebeu uma proposta de trabalho, em uma cidade vizinha. Nesta proposta, ele poderia ter um circo, o empresário entraria com o circo e ele com o trabalho, sendo que tudo seria dividido entre eles. Cascatinha teria que arrumar mais dois artistas de circo, para que tivessem algumas apresentações diferenciadas.
Ele conversou com o mágico e com o trapezista do circo que trabalhava, disse que dividiria o lucro com eles também e que por serem grandes amigos, poderiam aceitar o convite; que foi aceito.
Isso deixou o dono do circo mais chateado ainda, agora saindo mais dois de seu circo.
O dono do circo chamou Cascatinha para uma nova conversa e disse:
__ Cascatinha, gostaria que você voltasse para o circo. Esta fazendo falta.
__Olha senhor Carlos, eu não irei voltar por dois motivos, um é que o senhor nem quis saber o que de fato aconteceu e dois que recebi uma proposta em uma cidade vizinha.
__Então você não ira mais voltar a trabalhar comigo?
__Não senhor e esta decidido.
Depois da conversa que tiveram, o palhaço estava animado a trabalhar em outra cidade. Com tudo resolvido e acertado entre o empresário e o palhaço, este resolveu fazer uma festinha em sua casa, onde foram convidados o mágico, o trapezista, o empresário e mais alguns amigos da cidade; foi uma bela festa, beberam e se divertiram muito.
No dia seguinte já estava tudo resolvido, viajariam para realizar o sonho de Cascatinha.
De repente chega a sua casa a policia, lhe dando voz de prisão. Ele sem saber do ocorrido,foi para delegacia e ao chegar lá já algemado, foi perguntando o delegado porque estava ali e o de fato havia acontecido.
O delegado disse:
__Senhor José Carlos, o senhor esta sendo preso devido ao assassinato do Jean, na noite passado.
__Mas que Jean doutor?
__Jean, é o homem que brigou com você meses atrás e tudo que sabemos é que você é o culpado. Jean foi assassinado com cinco tiros e jogado na beira da estrada.
__ Mas não foi eu doutor, ele me agrediu fortemente aquela vez, mas jamais Iris tirar a vide de alguém, vocês estão enganados, não é necessário me manter preso aqui.
__ Ok! Iremos investigar tudo, mas o senhor ficará preso até o término da investigação.
Cascatinha ficou em uma situação complicada e estava tudo certo para a realização de seu sonho e agora estando preso, por uma coisa que não fez, ficava mais difícil.
A polícia disse que Iris ate a casa do palhaço para uma geral e tentar encontrar a arma do crime. Na busca encontrou um revolver calibre trinta e oito em um das gavetas da cômoda, com cinco cartuchos deflagrados, o que assim seria a arma do crime. Ao chegar a delegacia fez algumas perguntas mais francas a Cascatinha:
__Senhor, ao fazermos uma busca em sua residência, encontramos esta arma com cinco cápsulas deflagradas, o que o senhor tem a nos dizer agora?
__ Esta arma não é minha, odeio arma, nunca tive e nem sei como usar, o meu negocio é fazer as pessoas felizes e não tira a vida delas.

__ O senhor então não quer assumir o crime?
__Eu simplesmente não o cometi e gostaria de ter um advogado, conheço os meus direitos doutor.
__Tudo bem, arrume um advogado. Caso não tenha dinheiro para pagar, o ministério público arruma um para o senhor.
__ Sim gostaria que arrumassem um para mim.
Assim foi feito, arrumaram uma advogada e por incrível que pareça era a loira que ia aos seus espetáculos. A doutora Áurea, que ficou surpresa do ocorrido.
Ele ficou encantado ao ver a bela moça que sempre olhava em seus espetáculos; começaram a conversar.
__Bom dia Cascatinha, eu sou sua advogada e gostaria de saber o que realmente aconteceu. Para mim, você pode falar tudo pois tentarei resolver da melhor maneira possível para tirar você daqui.
__Doutora Áurea, eu estou sendo acusado de um crime que não cometi, preciso que me tire daqui, na cela que estou os caras estão judiando de mim.
__Sim, tem que me falar tudo. Onde esteve na noite do crime e se realmente foi você mesmo o autor. Vamos La pode começar a falar.
__Bom, eu recebi uma proposta de montarmos um circo em uma cidade vizinha... e assim Cascatinha narrou todo o ocorrido, começando desde que o Jean o ameaçou.
__Bom, Cascatinha, vou fazer o pedido de prisão domiciliar e ver o que acontece. Disse a doutora.
Dois dias se depois, Cascatinha ainda preso e um detetive o chamou para uma conversa.
__ Cascatinha estou notando que você esta sendo sincero, mas a investigação esta toda apontada para o senhor como o autor do crime. Se realmente não o fez alguém quer lhe incriminar, seja sincero comigo tem alguma pessoa que não gosta do senhor?
__Olha policial, que eu saiba não, mas a única pessoa que possa não estar satisfeito com que estou fazendo é o senhor Carlos, o dono do circo que trabalhei.
__Tudo bem, fique tranqüilo, iremos todos e acharemos quem é esta pessoa que quer lhe prejudicar. Eu notei que o senhor é inocente e vamos lhe ajudar pode ter certeza disso, mas ainda terá de passar alguns dias aqui na cadeia.
Cascatinha ficou em uma cela com mais vinte detentos e com o medo de lhe acontecer alguma coisa de ruim. O que confortava o palhaço, é que sempre tinha visitas pelo fato de ser muito querido.
Sem dormi ficava tentando imaginar quem poderia ter feito esta crueldade com ele. Foi quando chegou a Áurea com uma boa notícia. Havia conseguido que Cascatinha ficasse em sua residência, uma prisão domiciliar.
Dando força a Cascatinha, detetive e a advogada marcaram uma audiência intimaram o Carlos dono do circo, para um depoimento.
Não deu em nada, viram que o dono do circo não tinha nada a ver com este homicídio ; então a doutora Áurea resolveu mandar a arma do crime para uma perícia. Devido ao fato de Cascatinha não ter posto a Mao na arma, a pericia constatou que a impressão digital presente na arma era do empresário que iria ser seu sócio.
Então a doutora e o detetive foram com um mandato de busca e apreensão deste empresário; que morava em uma cidade vizinha.
Ao ser preso, confessou que tinha matado o Jean para culpar o palhaço cascatinha, pois ele é primo do Carlos dono do circo. Foi também este motivo do inicio da amizade com o palhaço e por ser amigo dele, teria a liberdade de entrar em sua casa e colocar a arma. Mas como não existe crime perfeito, teve que assumir a culpa.
Caso resolvido, Cascatinha saiu da cadeia, mas claro muito triste com a situação e não querendo mais fazer suas palhaçadas. A doutora Áurea que estava sempre ali conversando com ele e começaram a namorar, um namoro que já era para ter acontecido a muito tempo pois ela disse a ele, que desde a primeira vez que o viu havia gostado e que não tinha falado antes, devido ao fato dele ter sido preso. Cascatinha ficou satisfeito e voltou a fazer suas brincadeiras na rua.
Depois de dois meses de namoro tudo estava como era antes e a Áurea lhe fez uma surpresa, disse a ele para não ir embora da cidade, pois ela o queria sempre ali pertinho dela. Cascatinha emocionado, disse que queria levá-la para onde fosse,mas devido ao trabalho não tinha condições para tal ato. Áurea chamou Cascatinha para ir ate o circo onde ele trabalhava pois lá ele teria uma surpresa, que poderia fazê-lo mudar de idéia. Assim foram ao circo e os amigos aplaudiram quando chegaram e um deles disse:
__ Obrigado patrão, agora trabalharemos muito mais satisfeitos aqui no circo.
Cascatinha sem entender o que estava acontecendo perguntou:
__Cadê o senhor Carlos que não apareceu aqui?
Doutora Áurea respondeu:
__ Agora Cascatinha, você é o proprietário do circo pode dar suas ordens. Eu e seus amigos o compramos e o passamos para seu nome, é todo seu. Acho que realizamos seu sonho.
__ Não estou acreditando no que estou ouvindo isso, isso é uma brincadeira? Se for, não estou gostando!
__Não meu amor, é a mais pura verdade, eu comprei oitenta por cento e seus companheiros vinte, por tanto terão vinte por cento do lucro do circo.
__Bom, se isso é mesmo verdade, gostaria de realizar mais um sonho meu. Áurea que casar comigo?
Ela sem pensar muito, aceitou o pedido.
E assim foi que aconteceu, eles se casaram no próprio circo, onde todos da pequena e pacata cidade participaram e souberam desta bela historia; que foi a realização do sonho de um palhaço. F I M

Josimar dos Santos- Viçosa-MG
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